Salvador teve casa cheia no Canta Bahia 2023, evento gospel. Duas noites com nomes consagrados da música gospel, que se apresentaram no Parque de Exposições com entrada gratuita.
O site g1 conversou com três representantes da música gospel na Bahia. Eles estiveram no evento e são exemplos da pluralidade do gênero musical que passeia pelo forró, pagode e reggae.
Sandro Nazireu, Marcos Semeadores e Nengo Vieira são artistas que comprovam como a busca pela conexão com a fé e a sensação de conforto em meio às adversidades ajudam a explicar fenômeno gospel. A adesão do público é tamanha que, entre os anos de 2021 e 2022, o gênero ficou entre os 10 mais tocados nas principais plataformas digitais de áudio.
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| Cantor gospel baiano, Sandro Nazireu |
Conhecido nacionalmente pelo forró gospel, Sandro Nazireu é um cantor baiano, natural de Serrinha, com cinco discos de ouro e um de platina. Em 2023, o artista gravou o terceiro DVD da carreira, em Goiânia.
Em entrevista, Sandro lembra que a recente pandemia da Covid-19 resultou em crescimento da música gospel. O resultado disso foi o aumento da participação nas plataformas de streamings e nas redes sociais. O artista possui mais de 50 mil seguidores nas redes sociais.
Sandro enfatiza que o sucesso do gospel está atrelado ao consumo das músicas em ambientes diversos, e não apenas em igrejas e templos religiosos. Seja em casa, no trabalhou ou em atividades do cotidiano, os ouvintes incluíram o louvor como sonoridade para todas as horas.
O artista destaca a amplitude do gênero para todos os públicos e afirma que não há barreiras para a reprodução da música gospel, independente da crença de quem desejar ouvir suas canções.
"As músicas antigamente eram consumidas dentro da igreja, no momento do culto, e também em rádios. Então, parecia um universo paralelo. As pessoas passaram a ouvir as canções em casa e até aqueles que não são evangélicos, mas precisam de alegria e consolo, consomem as músicas junto com o crescimento do gênero gospel", disse o cantor.
Marcos Semeadores
Sucesso entre os jovens, o cantor Marcos Semeadores iniciou a carreira musical em 2015, em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador, com a banda de pagode gospel “Nós Semeadores”. O artista decidiu seguir carreira solo em 2021 e ultrapassa mais de 1 milhão de streamings nas plataformas digitais.
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| Sucesso entre os jovens, o cantor Marcos Semeadores |
A ascensão do grupo ultrapassou as barreiras dos templos religiosos e alcançou o grande público.
"Esse crescimento é muito importante para a cultura. A gente precisa ter espaço para levar a mensagem de luz, fé e esperança. As pessoas cada vez mais estão adquirindo ansiedade e depressão e é importante essa conexão com a fé para vencer", disse o cantor.
Para o cantor, o pagode tem destaque no cenário musical baiano, o que foi decisivo para a aceitação dos evangélicos. No entanto, ele afirmou que foi difícil ter a sua imagem desvinculada às canções de teor sexual que são reproduzidas neste estilo.
"Dentro do segmento gospel existe esse tabu com o pagode. Graças a Deus, tive boa aceitação com os jovens das igrejas e, quando eles estão nos eventos, interagem, comentam e curtem o som. As pessoas que gostam do gênero escutam a minha música porque curtem a batida", destacou.
Segundo Marcos, o sentimento para a apresentação na primeira edição do Canta Bahia é de gratidão pela oportunidade de passar a mensagem do evangelho para muitas pessoas. Esta será a maior apresentação da sua carreira.
"Espero passar uma mensagem de amor, paz, esperança, e que possa ajudar as pessoas a terem o melhor do que elas sonham. É uma mensagem de confiança, que as pessoas atinjam seus projetos e tenham força", disse.
Nengo Vieira
Djalma Ramos Vieira, mais conhecido como Nengo Vieira, é um cantor baiano de reggae gospel e pastor da congregação Bola de Neve, em São Paulo. Natural de Cachoeira, no Recôncavo da Bahia, o artista começou a tocar instrumentos aos 12 anos e acompanhou artistas como Edson Gomes, Lazzo Matumbi e a banda Tribo de Jah.
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| Cantor de reggae gospel baiano, Nengo Vieira |
"Reconheço a importância dos baianos dentro do processo de libertação da independência dos portugueses. Cachoeira era uma província bastante decisiva nesse aspecto. Nasci no berço da cultura afrodescendente, então, tenho esse DNA africano dentro da mim. Em 1977, conheci o reggae através de Bob Marley e mexeu com a minha emoção e estrutura", destacou Nengo Vieira.
As dificuldades que o cantor encontrou ao entrar para o evangelho foram intensas, porque, segundo ele, as pessoas associavam o reggae e sua estética ao uso de drogas.
"Cheguei ao trabalho reconhecido de hoje apesar de muitas lutas e muitos desafios. Imagine um música de reggae entrar na igreja, já que era do diabo e de maconha? E ainda tinha o cabelo dread. Foi todo um processo para ser aceito no mundo evangélico. Deus me levantou como pastor e a resistência continua", disse o cantor.
A passagem do evangelho por canções de reggae e a forma como elas podem atingir o público é destacada por Nengo Vieira. De acordo com o artista, as músicas dele podem transportar as pessoas de volta para a essência, além de se conectar com Jesus Cristo.
O cantor relatou que tenta passar para as pessoas, através das suas músicas, palavras de amor, discussões sobre a sociedade, meio ambiente e racismo, mas não entra no âmbito político.
"Política e religião são dois assuntos que precisamos respeitar. A gente não veio aqui para compreender esses assuntos pertinentes à natureza humana. O governo de Deus e de Jesus é eterno. Se você opta pelo governo de Jesus, você vai lutar pela bandeira do reino e nele não existe ideologia", enfatiza Nengo Vieira.
Fonte: G1